sábado, 28 de fevereiro de 2009

Hierarquia das categorias taxonómicas

Na actualidade, as classificações dos seres vivos apresentam a influência dos trabalhos de Lineu.
O sistema de classificação de Lineu apresenta duas características principais- A hierarquia das categorias taxonómicas e a nomenclatura binominal para as espécies.



Neste sistema de classificação, Lineu agrupou os seres vivos em dois grandes reinos- Plantas e animais- ordenados numa série ascendente a partir da espécie. Constituiu-se assim um sistema hierárquico de classificação.
Estes dois reinos (plantas e animais) subdividem-se em categorias progressivamente de menor amplitude, categorias essas que se designam categorias taxonómicas ou taxa (plural de taxon), que se organizam segundo uma hierarquia, tornando evidente o grau de semelhança entre os seres vivos.




A unidade básica de classificação biológica é a espécie. A espécie é constituída pelo conjunto de indivíduos morfologicamente semelhantes, que partilham o mesmo fundo genético e que se podem cruzar entre si, originando descendência fértil.




A espécie é o unico taxon existente na natureza. Todos os outros foram formados dependentemente do julgamento humano.

Quanto maior a semelhança entre os organismos, maior é o número de taxa comuns a que pertencem e menor o nível do taxon.




No sistema hierárquico de classificação (Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género e Espécie), o número de seres vivos, no Reino, é bastante elevado, pelo que as relações entre esses seres vivos relativamente ao parentesco é menor do que nos taxa seguintes (Filo, Classe, Ordem, Família, Género e Espécie).





Os taxonomistas sentiram uma necessidade de efectuar uma classificação mais rigorosa dentro de determinados níveis (as chamadas categorias intermédias), distinguindo-as com o uso de prefixos como super, sub e infra.

Nomenclatura


Grande parte das regras de nomenclatura que hoje são utilizadas tiveram origem nos trabalhos de Lineu. Foram apenas actualizadas pelas Comissões Internacionais de Nomenclatura. Estas Comissões oficializam os nomes científicos dos seres vivos de acordo com as regras de nomenclatura, para que os nomes sejam, assim, os mesmos para todo o mundo- Universalidade na classificação biológica.

Regras de nomenclatura

- A designação dos taxa é criada em latim. O latim é uma língua morta que não evolui;

- As espécies são designadas segundo uma nomenclatura binominal. A primeira é um substantivo escrito com inicial maiúscula, que corresponde ao nome do género, e a segunda é o restritivo específico ou epíteto, escrito com inicial minúscula e é, geralmente, um adjectivo;

- A designação dos grupos superiores à espécie é uninominal, sendo constituída por um substantivo escrito com inicial maiúscula;

- O nome da família é obtido acrescentando a terminação –idae à raiz de um dos géneros;

- Quando a espécie tem subespécies, a nomenclatura é trinominal, acrescentando um restritivo subespecífico à designação de espécie;
- Os nomes de géneros, espécies ou subespécies são escritos num tipo de letra diferente do texto corrente, geralmente itálico, e se forem manuscritos são sublinhados.

Aqui fica uma "vídeo aula" para uma melhor compreensão.


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Diversidade dos critérios de avaliação

Desde o início dos tempos, o Homem faz classificações dos seres vivos. Isso verifica-se nas classificações feitas relativamente à distinção de animais venenosos dos não venenosos, das plantas comestíveis das não comestíveis, etc. Foram criados para que o ser humano se defendesse de possíveis perigos que pudessem ocorrer quando este se alimentava.

Este tipo de Classificação designa-se por Classificação Prática.


O sistema de classificação de Aristóteles agrupava os seres vivos de acordo com as características morfológicas e fisiológicas de cada um.


O sistema de classificação de Lineu, criado no século XVIII, classificava animais e plantas. Esta classificação foi feita tal e qual como a de Aristóteles, que se baseava em características apresentadas pelos seres vivos, a nível da morfologia e da fisiologia.




Portanto, os sistemas de classificação de Aristóteles e de Lineu têm uma base racional semelhante, que se baseia em caracteres observáveis nos seres vivos. São assim designados Sistemas de Classificação Racionais.




Além disso, estes sistemas de classificação (de Aristóteles e de Lineu) não consideram o factor tempo, pelo que são considerados Classificações Horizontais.




E ainda, estes sistemas de classificação têm em conta um pequeno número de características, fazendo com que os grupos formados sejam bastante heterogéneos quanto a outras características que não as estudadas naquela situação, pelo que são considerados Artificiais.




Existe um outro tipo de Classificação Horizontal, que é caracterizado pela consideração de um grande número de características, contrariamente aos Artificiais, que se designam Naturais.





Portanto, os tipos de Classificação Horizontal (Artificial e Natural) são considerados Sistemas de classificação Fenéticos. Possuem como objectivo a rápida identificação de um ser vivo, sem que seja preocupante a evolução desse mesmo ser vivo no cruzamento com seres vivos da mesma espécie mas de características diferentes. Este tipo de classificação baseia-se no grau máximo de semelhança entre organismos, tendo em conta a presença ou ausência de um grupo de caracteres fenotípicos.

No entanto, nem todas as características fenotípicas (fenótipo) semelhantes correspondem a uma proximidade evolutiva, pois podem apenas dever-se a uma evolução convergente, que originou estruturas que exercem uma mesma função (estruturas análogas).


Este sistema de classificação é considerado Vertical, uma vez que tem em conta o factor tempo, assim como as relações de parentesco e a evolução biológica.




O Sistema de Classificação Vertical é considerado um Sistema de Classificação Filogenética. Possui como objectivo o agrupamento dos seres vivos de acordo com o grau de parentesco entre eles, permitindo construir as chamadas “árvores filogenéticas”. Seriam assim mostradas as relações entre os organismos, de uma forma rigorosa, tendo em conta a história evolutiva de cada um.

Portanto, os seres vivos possuem semelhanças porque estas são consequência da existência de um ancestral comum, a partir do qual vários seres vivos foram divergindo ao longo do tempo, formando grupos. O grau de semelhança entre os seres vivos relaciona-se com o tempo em que ocorreu a divergência.





Para a classificação dos seres vivos, é também necessária a Paleontologia (estudo dos fósseis), que é bastante importante neste tipo de classificações.

Aqui fica um vídeo para uma melhor compreensão

Sistemática dos seres vivos

Existem diversos seres vivos no nosso planeta. Por isso mesmo, foi sentida uma necessidade de os classificar, por determinados critérios.


● Portanto, a Sistemática faz o estudo científico dos seres vivos, relativamente às suas relações evolutivas, e desenvolve sistemas de classificação para cada tipo de seres vivos.

O objectivo da Sistemática é procurar as relações evolutivas entre os organismos e expressar essas relações em sistemas taxonómicas.

Há um ramo da sistemática que se ocupa da classificação dos seres vivos e da nomenclatura, designada Taxonomia.


Os objectivos da Taxonomia são:
● Considerar organismos estruturalmente relacionados e separá-los pelas respectivas espécies, descrevendo as características que distinguem uma espécie da outra;

● O ordenamento das espécies por categorias Taxonómicas do género, família, ordem, classe, filo e reino.

Neodarwinismo- Teoria Sintética da Evolução

A teoria do Darwinismo, mesmo sendo a melhor até ao momento, não explicava a evolução da selecção natural sem que esta tivesse pontos fracos.

Darwin teve sobre a sua secretária uma carta enviada por Mendel, onde se encontravam apresentadas as primeiras ideias sobre hereditariedade, mas este nunca a chegou a abrir. Logo, nunca esclareceu quais eram os mecanismos responsáveis pelas variações verificadas nas espécies nem o modo como essas variações se transmitem de geração em geração.

O estabelecimento do conceito de mutação levou os geneticistas a considerarem as mutações a base das mudanças evolutivas.

Foi construída uma teoria que unia o Darwinismo com os dados da genética, que originaram a teoria sintética da evolução (Neodarwinismo). Esta teoria consiste nas fontes de variabilidade das populações, que são a variabilidade genética e a selecção natural.

Variabilidade genética




Selecção natural



O fundo genético, conjunto de todos os genes presentes numa população num dado momento, sofre evolução, ou seja, ocorre uma mudança no fundo genético das populações.

Num determinado fundo genético, certos seres são mais aptos do que outros da mesma espécie, pelo que os mais aptos se reproduzem mais, originando descendência com a mesma característica.

Entretanto, as características do meio alteraram-se, fazendo com que os seres vivos dessa espécie que eram menos aptos se tornassem os mais aptos.

Uma vez que foi diminuída a sua descendência, volta a ser formada nova descendência através do cruzamento entre seres com essa característica e os seres da mesma espécie com a característica diferente.

Isso faz com que esta espécie se torne cada vez mais apta às diferenças que poderão ocorrer no meio, dando-se a evolução.

Esta é a Selecção natural direccional. Este e os outros tipos de selecção natural estão explicados no esquema abaixo:



terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Argumentos do Evolucionismo

Embora existam vários dados de natureza bioquímica e informacional relativamente à biologia molecular, é bastante importante analisar dados mais clássicos, provenientes da anatomia comparada e da paleontologia.


Argumentos do Evolucionismo- Argumentos da Anatomia Comparada

Quando analisamos as diferentes espécies, observamos semelhanças entre elas. Certas espécies possuem estruturas semelhantes ou membros com a mesma função.

A observação desses caracteres veio apoiar as ideias evolucionistas, uma vez que este facto demonstra uma origem comum (ancestral comum) de diferentes espécies.

Estruturas Homólogas

● Portanto, as espécies com estruturas homólogas entre si possuem uma forma estrutural bastante semelhante, como por exemplo o braço do homem e a asa do morcego;
● Estes seres possuem uma posição relativa a outras espécies semelhante relativamente à forma estrutural, ou seja, o local no ser vivo onde se encontram determinadas estruturas homólogas, em espécies diferentes, é mais ou menos o mesmo;
● As diferentes espécies são provenientes do mesmo tipo de embrião.

No entanto, possuem diferentes aspectos e funções. Isso acontece porque as espécies, como vivem em meios com diferentes características, enfrentam diferentes pressões selectivas, pelo que originam aspecto e função diferentes, que transmitem à descendência por resultado da selecção natural.

Estruturas análogas

● Portanto, as espécies com estruturas análogas possuem um padrão estrutural básico diferente, uma vez que a forma das estruturas também não é semelhante;
● Possuem uma posição relativa a outras espécies diferente, relativamente à forma estrutural;
● São provenientes de um ancestral comum muito longínquo.

No entanto, possuem funções semelhantes. Isso acontece porque as espécies, ao viverem num mesmo meio, enfrentam pressões selectivas semelhantes. A selecção natural favorece os indivíduos que desempenham uma dada função num mesmo meio, mesmo que estes apresentem estruturas anatomicamente diferentes.

Estruturas Vestigiais



● Portanto, estas estruturas que apresentam a mesma função nas diferentes espécies (estruturas análogas), apresentam-se desenvolvidas em algumas espécies, mas não noutras, devido ao desuso das mesmas, o que levou à falta de necessidade de as possuir, tendo atrofiado e não se desenvolvido.

No entanto, possuem estas estruturas vestigiais. Isso acontece porque os antepassados das espécies que apresentam estas estruturas vestigiais necessitavam delas. Durante a evolução, estas foram-se tornando desnecessárias.

Argumentos do Evolucionismo- Argumentos Paleontológicos

A Paleontologia, estudo dos fósseis, é um dos factores que mais apoiam o Evolucionismo, uma vez que mostra que o planeta foi habitado no passado por seres diferentes dos actuais.





Existem fósseis que possuem características correspondentes, na actualidade, a dois grupos diferentes de seres vivos. Denominam-se de formas intermédias ou formas sintéticas.

Como exemplo, temos um fóssil, a Archaeopteryx, que possuia assas, característica actual das aves, e possuia dentes e uma longa cauda com vértebras, característica actual dos répteis.



As formas sintéticas ou intermédias permitem a observação de que os seres vivos existentes na actualidade não são totalmente independentes uns dos outros quanto à origem.
Argumentos Citológicos = Células

Os argumentos Citológicos consistem no facto de todos os seres vivos serem constituídos por unidades estruturais, as células.




As células eucarióticas, que são encontradas em inúmeros seres vivos, obedecem a um plano estrutural comum, assim como a um desenvolvimento de processos metabólicos também semelhante.

Logo, macroscopicamente os seres parecem diferentes uns dos outros, mas é provado microscopicamente que não existem assim tantas diferenças entre os diferentes seres vivos.



Argumentos Bioquímicos = Biomoléculas

Quando são analisados os componentes químicos das várias espécies, sabe-se que quanto mais semelhante for a sua constituição química, maior o grau de parentesco (Filogenia) entre estes.

O facto de todos os seres vivos serem constituídos pelo mesmo tipo de biomoléculas, tais como proteínas, glícidos, lípidos e ácidos nucleicos, apoia que os seres vivos possuem um ancestral comum.

Então porquê que os seres vivos são "todos diferentes", macroscopicamente, na actualidade?


A existência de DNA e RNA, que são centrais no mecanismo de produção de proteínas, existem em todos os seres vivos e exercem as mesmas funções em todos eles. Na produção de proteínas intervem um código genético, que é universal.



A universalidade do código genético, o qual é constituído em quase todos os seres vivos por cinco bases azotadas, poderá originar diferentes proteínas. As proteínas correspondem nos seres vivos as características que estes possuem. Logo, proteínas diferentes dão origem a características diferentes.
Por isso, os seres vivos não parecem iguais, quando na verdade, possuem características que os tornam semelhantes.

A existência de 20 aminoácidos diferentes nos seres vivos poderá ser explicado pela hipótese de que, a partir de uma molécula de DNA, ancestral comum, por diferentes mutações surgiram diferentes genes nos seres vivos e, por isso, formaram-se diferentes sequências de aminoácidos.


Logo, a evolução reflecte as alterações hereditárias que ocorrem nas espécies ao longo do tempo.